quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Silêncios

É eu sei, é no seu silêncio que eu me reconheço, mas é preciso que seja assim, fugaz como toda partida. Eu sei, é no seu silêncio que tenho aprendido a curar a minha dor, é no seu silêncio que escuto a minha voz ecoando, é nele que eu gozo os meus prazeres mais cutâneos e me transformo em ser carnal, viril e saciado. Longe do ruído das ruas, é no seu silêncio que eu deixo escapar quem eu realmente sou, e me entrego a vós e a mim por completo, é no seu silêncio e nesse quarto mudo que tenho escutado gritos de ternura e presença sua, é no seu silêncio que eu me ouço. Mas é preciso que seja assim. Que gritem outras vozes, que não me reconheçam, que deixem passar de lado o silêncio necessário ao gozo. É preciso abrir-se ao mundo, e que ele nos coma por completo, e que nos envolva em silêncios, gritos e ruídos de paixão.

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