terça-feira, 27 de abril de 2010

Minha alma, minha herança eterna

E é assim que as coisas perdem o sabor de têm de coisa, e ficam à deriva, borrando a vista e o gosto, existindo numa matéria inerte chamada brevidade da vida.
Sem tempo e seco de lágrimas sigo perdido nessa hora eterna perto da morte e do sem sentido prazer da existência.
Chora peito!
Exaspera a sua dor...
Soluça esse ar quente,
molha bem os meus olhos,
agora é hora de chorar.
Morre minha alma!
Morre sem dor, sem lamento...
Vai para o seu lugar perto dos anjos,
leva com a senhora, minha alma, o meu amor inconteste!

Eu menino

Achei que tinha perdido entre as minhas terras vividas,
como quem vive uma vida curta,
e já nem me lembrava mais,
que em cada palavra eu deixava todo o desejo de uma noite não dormida,
nem me lembrava,
que havia falado de uma paixão em mim que já não conhecia,
que havia dito, tantas vezes, de uma vontade que transbordava,
que havia sido inocente como menino.

Mal lembro do tempo desde aqueles dias...
fui me perdendo.

Te escuto, e saboreio
sua voz me contagia de você,
te vejo, agora, trazendo a sua chuva doce pra mim.

Eu sei,
aprendi a desconfiar do amor
e o seu é tão de graça
que me inibe e me confunde e me comove
e não há maneira de não me molhar,
de não prever o mergulho,
de estar calado e seco dessa água.

Achei que tinha perdido,
achei!
pensei que tinha deixado pra trás...
mas eu continuo aqui,
meninamente,
bolindo com o meu sangue
ansioso por noites não dormidas
transbordando ainda em mim!