terça-feira, 23 de setembro de 2008

Bárbara

Me doy vuelta, porque me tenia que dar vuelta, tenia que mirar, tenia que verla...la vi por primera vez, o por última vez, tan parecidas eran las dos cosas, la vi caminando con su ya conocida manera de caminar. Llevaba un vestido puesto, casi negro y gafas, ocultando quizás unos ojos sin vida, y yo anticipando cada gesto suyo, la veía dejar las flores en su própia tumba, tan igual era a la muerta, tan parecida a su modo de estar, no más, parada, quieta, yo confundido, la miraba como si ella fuera mis recuerdos muertos, mi mujer fallecida, mi vida creada, y por un rato pensé que tal vez ella tenía otra vida que no conocia, como si todavia estuviera viva, y que la podía ver, la podía tener, y ciego y sin tacto, la seguí disconforme.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Meu único modo

Trinta minutos e seis meses durou aquela viagem. Era o meu único modo de lidar com as coisas, pensar na espera, no caminho, alongar a estrada ao infinito, imaginar uma vida para cada pequeno e invisível pedaço de terra que íamos percorrendo, eu sozinho como sempre, fugindo da presença morta que me distraía, de qualquer sussurro que encurtasse aquela vida criada, aquela viagem lenta de meses recordados entre passar de árvores e cercas, seguia querendo não chegar, atrasar um pouco mais, desconstruir intensamente a chegada, o sentido incompreensível daquele caminhar. Eu, buscava ali, no ir-se escapando do asfalto e dos detalhes passados que deixava, o seu rosto reconstruido no rosto de outras, nos grãos de terra, nos trinta minutos já vividos há tempos, na ilusória espera da sua indiferença irremediável.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O que sobra

Resta, meu caro Vinícius, acima de tudo, esta vontade desamparada de voltar a lembrar. Resta esta insônia ao contrário.
Resta, aqui comigo, o peso arrastado da maturidade, a indiferênça do meu idioma falso.
Resta inclusive, e outra vez mais, este cheiro de ônibus, estrada e descaso.
Resta, sempre, o meu medo de olhar.