domingo, 30 de maio de 2010

Seus olhos furtivos

É calado que eu espero, incondicionalmente, qualquer eco de presença sua, e vou criando em mim, com a destreza de minhas mãos em teu corpo, todo o nuance da luz do seu sorriso, em minha rua, em meus livros, em saber-me incapaz de reproduzir você por inteiro, e nesse desespero sigo desmanchando os sorrisos incautos fazendo-me cócegas, arremedos infiéis da candura tua, quisera saber por onde começar a apagar essa luz, conformar-me com o meu claro-escuro aparecendo diante de meus pés caminhando, saber-me cada vez mais submerso nessa claridade coloca-me outra vez à deriva, louco, imaginando platônicamente meu gozo nas pequenas partes desse encontro furtivo de nossos olhos, você sempre tão linda, desvio os olhos com as mãos relutantes, há tantas coisas rondando minha cabeça, e meu corpo à espera da sua luz, ilumina, faz viver com a sua malícia de menina o meu olhar cauto sobre seus gestos, traz de volta o prazer pro meu quarto escuro, desenha pouco a pouco, brinca de ser minha, me dá algo para tocar, me alivia da falta que me faz, vem de novo ser parte do meu mundo, sorria apenas, me conformo, seu sorriso é quase um mundo, caminha devagar, entrelaça as suas pernas eternas em mim, é com pouco que eu me farto, já não quero muitos pedaços de sombras, prefiro a brisa que você deixa passar, me abraça brisa, fugaz, que é com o desejo de ver-te aqui, a cinco centímetros dos meus olhos, que eu me apanho por completo, e vejo cada parte sua como um perfume, e me transformo, de vez, em amante infindável e deslumbrado de você.

Um comentário:

Josy disse...

Lindo, lindo! Quase me perdi lendo!
Bju!