Foi prostrada em leito caseiro que ela me disse num soluço curto de choro, "não quero morrer", e foi-se acabando em fogo calmo. Aquela imagem de mulher, pedindo, sem saber a qualidade da súplica, olhava direto nos meus olhos, e era só eu ouvir a enchurrada do seu lamento sangrando quente em meus ouvidos, e entender cruamente que era eu o homem da casa, que eram minhas as panelas e louças daquele lar inacabado.
Suas mãos em calma arrancavam forte a água dos seus olhos; sem meio-termos, sem voz solene, morria aos pedaços, calava em soluços abafados sem ar.
Me disse sua última frase em silêncio profundo, sua última ordem não cumprida, já segura estava do fim inapelável, "não quero morrer, não posso".
Um comentário:
o que resta sempre é a vida. Aos trancos e barrancos ela é bonita, é bonıta e é bonita.
Melhor enxugar os olhos e viver.
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