domingo, 13 de setembro de 2015

Um só instante

É no instante que você mais precisa, no vazio, no sopro frio da vida, no momento interminável da espera, é aí que você perde tudo, que tudo acaba, que tudo se esvai. Não sobra uma gota de alento, a esperança cambaleia, e a menor das frustrações é como perder um mundo! Que me resta senão minha própria e ridícula ironia julgando sem remorso a agonia lenta de meus dias? Faço tempestades, crio dramas e me tranco em silêncio prolixo no fundo de meus pensamentos já não tão puros. O perigo da casualidade se expõe, tudo fica mais difícil, sorrir é algo raro e pedir socorro é traçar o próprio destino mórbido, cavar o chão e deitar-se na cova exposta. O mundo não suporta o torto, o mundo não suporta, não aceita esse instante sem ar, esse instante transviado. É preciso fingir, fingir e calar, fingir e esperar, até que o perigo passe ou te domine por completo.

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